Desde sempre sou uma pessoa imaginativa e como tal, às vezes parto para um mundo paralelo. São milhares de histórias que passam na minha mente, conversas nunca tidas e personagens nunca encontrados. A imaginação, de fato, permite fantasiar a realidade, dar um colorido mágido à vida. O grande problema ocorre quando aquele mundo paralelo, tão agradável de visitar, insiste em se tornar realidade.
Não é que vivenciar a própria história seja ruim. Acredito que valorizar as coisas simples de acordo com uma perspectiva única e fazer de um simples passeio com os amigos uma data especial seja uma verdadeira qualidade. Até mesmo ir à padaria e reparar na cor do céu, nos sons da rua pode ser inspirador. O ruim é quando essas histórias não são suficientes, e os conflitos vivenciados tão intensamente pelos personagens que habituam a escuridão da nossa mentem teimam em se apresentar no mundo real. Mais grave ainda é que uma história interessante exige protagonistas interessantes, logo, aquela pessoa pacata e tranquila que você é acaba dando lugar a um ser inconstante, conflituoso e extremamente dramático. É nesse momento que começamos a agir como um personagem.
Pense em seus personagens preferidos da literatura. A menos que eu esteja enganada, os que mais lhe atraem a atenção não são os mocinhos de firmes convicções, cujas ações sempre resultam em algo benéfico para a sociedade, mas são os imprevisíveis, ambíguos que andam o tempo inteiro na corda bamba da dualidade humana. Como personagens de livros, eles são interessantíssimos de se conhecer, mas na vida real, eles são difíceis de lidar. Obviamente, faz parte do ser humano ter esses dois lados, escolher um e nem sempre agir de acordo com o caminho escolhido. O problema está naquele que insiste em andar na corda bamba, faz da dualidade sua característica principal. Ele entra a fundo no papel do ser ambíguo, e faz questão de interpretá-lo divinamente. Não é uma máscara, pois não há fuga e nem falsidade nas suas ações. Uma vez que seu lado artístico incorpora o seu lado humano, ou melhor, ambos sempre estiveram incorporados, ele simplesmente o é. O personagem não foi construído com o passar do tempo, ele já estava presente na essência do ser.
Não devemos julgar como levianas essas pessoas, pois, se temos uma lição para tirar sobre o ato de vivenciar histórias, ela também é ambígua. Por um lado, até por termos esses personagens presos dentro de nós, podemos dar vida a eles, mas por outro, como autores da nossa própria história, podemos nos dar ao luxo de descarregar nossos conflitos em forma de textos e agir mais como os carismáticos mocinhos. Se fizermos isso, não deixaremos de ser nós mesmos como esses personagens costumam constatar, pois é impossível deixar de ser. Quanto às histórias, não precisamos forçar suas existências, pois involuntariamente elas irão apararecer, tão interessantes quanto nos livros. Não devemos fantasiar a realidade, e sim, encontrar a fantasia nela.
Beijos, Vickawaii
23 comentários
Ser uma pessoa com personalidade ~ambígua~ na vida real na minha opinião não é algo necessariamente ruim, pois proporciona maior adaptabilidade às diversas situações da vida. Obviamente que por personalidade ambígua eu não quero dizer ~bipolar~ mas sim alguém com gostos muito diversos e que age bem diferente conforme o meio em que se encontra, o que faz dela alguém que se adapta muito mais facilmente às mudanças que inevitavelmente ocorrem durante a vida... Acho difícil pra uma pessoa assim não estar às vezes na "corda bamba da dualidade humana" como tu diz ._.
ResponderExcluirTeu texto reflete exatamente aquilo que somos: seres inconclusos, em constante aprendizado, formulando e reformulalando conceitos, enfim: humanos!
ResponderExcluirMesmo no último dia de nossas vidas, ainda estaremos em conflitos sobre como agir, o que pensar, o que falar, sobre como viver sem passar pela vida, como ser bom, pensando coisas ruins, como de fato ser humano. Aliás, o que é SER HUMANO, senão ser imperfeito?
Eu gosto dos mocinhos de filmes só porque eles são bonitos, porque eu sempre preferi os vilões! Hahahahaha! Desde pequenote.
ResponderExcluirAwwwww, viva Queen u_u Obrigada pelo elogio, no meu face eu tenho mais fotos de caveira ^^
Eu também zoo e tal, mas não pra ofender, é só por brincadeira... quem não faz isso, né? Hahahaha!
Bjos e boa terça!
http://sugar-dance.org
Amei DEMAIS o seu texto!
ResponderExcluir(e realmente, odeio mocinhos que são mocinhos apenas e vilões sem motivos.. gosto mesmo é de personagens que têm um pouco de tudo, que têm essa dualidade! *3*)
Beijinhos
Ann
http://www.vinteepoucos.com.br
Ter dois lados dentro de si é meio coisa de menininha rs. Acho que o que pode existir é um lado meio escondido, que tu não gostaria de mostrar, ou coisas que tem vergonha. De acordo com Persona 4, o melhor jeito de lidar com isso é aceitando tudo o que somos, e ser isso de uma forma moderada :)
ResponderExcluirSeu texto me lembrou bastante um livro que estou lendo que chama A Hospedeira.
ResponderExcluir@littlepistols
http://mustachesandcats.blogspot.com.br/
Oi! nossa você escreve muito bem! Eu acho que todo mundo tem isso, pelo menos eu, não sou aquela pessoa certinha o tempo inteiro, mas também não sou a "malvada" eu misturo sabe? E eu tenho meio que raiva de quem é 100% alguma coisa, por que pra mim não tem como. Tipo aquelas meninas que são boazinhas sempre... não sei né. Enfim, muito bom. Gostaria de fazer parceria, se aceitar me de um toque lá para eu que coloque seu link, beijinhos e ótimo blog.
ResponderExcluiranimeoishii
Gostei MUITO do seu texto. Prefiro personagens que tenham uma dualidade de caráter. Afinal ninguém é tão bom e nem tão ruim.
ResponderExcluirBeijos :)
http://itgirl-sweet.blogspot.com.br/
oi gata! já comentei aqui, então só quero avisar q tem post novo no meu blog... vale a pena conferir, hein? Te espero lá!
ResponderExcluirBjos e boa sexta!
http://sugar-dance.org
Gostei muito do seu texto. Devemos viver a realidade e aproveitar o máximo dela. Gostei das fotos do filme Em Busca da Terra do Nunca. Adoro muito esse filme.
ResponderExcluirBeijos <3
acho que a última frase arrematou o texto inteiro XD
ResponderExcluirmuito bom vic XD
Seguindo a linha de seu próprio conceito, a dualidade humana tem também seus dois ou três lados. Em certos aspectos pode ser considerada positiva, em outros, não.
ResponderExcluirSe uma pessoa age de modo volátil, podemos um dia simplesmente cansar dela, ou então, podemos acolher esses seus lados e aprender a lidar com eles.
Beijo!
Adorei, você escreve muito bem!! achei muito legal isso que você falou sobre a realidade e a fantasia, devemos realmente viver a realidade e tentar transforma-la não adianta nada agente ficar parado imaginando e fantasiando como queríamos que acontecesse ou fosse, temos que fazer e ser a diferença sermos nós mesmos e alcançar nossos sonhos e objetivos ;D
ResponderExcluirBEIJOSS
designermaniagiovana.blogspot.com
Amei o texto,achei ótimo vc falar sobre as duas partes Realidade e Fantasia.
ResponderExcluirAmei seu blog flor!
http://realityofgirl.blogspot.com.br
Beijoos!!!
Amei. Poxa, tu escreve realmente bem. Faz tempo que não escrevo nada assim para o meu blog, e sinto falta disso, de verdade. Eu não sei se é devido aos livros dos quais vivo com o rosto enfiado neles, mas eu as vezes confundo realidade e fantasia e fico imaginando as coisas. Isso nem sempre é bom, rs.
ResponderExcluir*Vitamina De Pimenta*
Lendo seu texto, constatei algo que já sabia: sou uma personagem. E daquelas complicadas. É. Sério, minha vida é louca, é surreal, é coisa de livro. Mas, realmente, pessoas assim são interessantes, porém, difíceis de lidar.
ResponderExcluirHaja paciência!
Amei a frase final *-*
É questão de tentar ter equilíbrio mesmo, sempre.
Beijos!
Eu, as vezes, tenho vontade de mudar de corpo e ser outra pessoa porque minha realidade parece sem graça. Mas na maioria das vezes quero ser um personagem, alguém que não existe realmente. E sendo assim acho que a melhor coisa é ser eu mesma do que passar a viver no corpo de alguém que não existe.
ResponderExcluirBeijos
http://delicadaeegoista.blogspot.com.br/
Você escreve muito bem, concordo totalmente com o que disse. Toda pessoa tem dois lados, basta escolher o que ela quer seguir, né? heheh
ResponderExcluirBeijos! http://querosergringa.blogspot.com
Isso aí, você disse tudo! A verdade é que todo mundo e um pouco ambíguo, eu escreve um texto esses dias sobre isso, e essas personagens enigmáticos com essa tal ''dualidade'' humana são os que mais gosto!
ResponderExcluirBeijão, Sabrina. (www.spiderwebs.com.br) ♥
Que texto extraordinário, você me fez pensar muito sobre esses personagens com "dualidade"
ResponderExcluirBeijos,
Pepper Lipstick
Nossa, eu também faço isso. Fico pensando em coisas que poderiam acontecer enquanto eu pego o ônibus pro trabalho: algum acidente em que um homem lindo salva todo mundo e eu consigo tirar fotos desse momento; ou num dia de céu nublado e mormacento as nuvens se abrem e uma ave enorme aparece daquela fresta e voa sobre nossas cabeças.
ResponderExcluirEu estou para revisar, adaptar e incrementar uma história que originalmente escrevi em inglês como uma "cellphone novel". Quero transformar em livro. E sempre estou anotando ideias para outras histórias, desenhos, coisas assim.
Aliás, se tu gosta de anotar histórias, eu baixei um app chamado Catch. Recomendo!
Gosto daqueles mocinhos que não ficam se fazendo de frágeis e sim que lutam quando necessários, mas também tenho um encanto pelo vilões, porque quase sempre os atores fazem ótimas representações.
ResponderExcluirBeijos!
Genial! Acho sempre suas reflexões muito fantásticas! :)
ResponderExcluirA última frase fechou com chave de ouro! ^^
;*