A história de Alice no País das Maravilhas é passível de inúmeras interpretações e já foi recontada diversas vezes, desde livros infantis até o filme de Tim Burton, cuja continuação estreia ainda esse ano. Entretanto, nem mesmo o excêntrico diretor conseguiu dar uma visão tão macabra, complexa e sinistra como a que vemos no jogo Alice Madness Returns, que mostra um País das Maravilhas familiar, mas terrivelmente distorcido.



Alice Madness Returns é a sequência do jogo American Mcgee's Alice, em que nossa heroína perdeu a família em um incêndio, foi para o manicômio após tentar se suicidar e, aos 18 anos, foi convocada pelo Coelho Branco para salvar O País das Maravilhas, governado pela Rainha de Copas. Nesse novo jogo, é o Gato Cheshire que pede ajuda à Alice, pois agora o País das Maravilhas está corrompido pelo misterioso Trem Infernal e Alice deve reencontrar um antigo inimigo para salvar o lugar. Ao mesmo tempo em que Alice reencontra antigos personagens e enfrenta desafios em Wonderland, na vida real são revelados detalhes sobre o incêndio que matou a sua família, e talvez Alice não seja tão culpada pelo incidente quanto pensa.



A dinâmica do jogo é a mesma presente em vários jogos de plataforma, com seis capítulos nos quais Alice vai ganhando diferentes armas e enfrentando novos inimigos, cada vez mais difíceis de se vencer. Além do guarda-chuva para defesa, usamos como armas a faca Vorpal, um moedor de pimenta, uma bomba-relógio-coelho, um canhão que dispara bombas de chá e uma espécie de martelo com formato de cavalo, todas podendo evoluir à medida que coletamos dentes. Durante o jogo, também coletamos 'memórias' e assim, vamos entendendo um pouco mais sobre o passado da Alice. A personagem também ganha várias habilidades e vestidos diferentes a cada fase, o que torna o jogo bem divertido.



Como não podia deixar de ser, o jogo é graficamente maravilhoso. O livro de Lewis Carroll dispõe uma gama rica de elementos e todos são muito bem explorados no jogo, repleto de cartas, xícaras de chás, coisas fantásticas e coisas macabras. Os cenários são elaborados, complexos e, apesar de haver fases distintas do que é retratado no livro, como a "Casa de Bonecas" e o "Grove Oriental", muitas etapas possuem temáticas correspondentes à obra, como o Domínio do Chapeleiro Louco e o Reino da Rainha de Copas. Ao mesmo tempo que exploramos cenários lúdicos, também visitamos uma Londres suja e o Asilo para qual Alice foi, em capítulos muito detalhados e imersivos. Nesse ponto, cabe reiterar que a história é ótima e o final do jogo é realmente muito bom, tanto no mundo real quanto no mundo de Alice.



Alice Madness Returns tem um visual marcante, uma história fantástica e uma dinâmica divertida que envolve diversos quebra-cabeças e inimigos apavorantes, não tão difíceis de se enfrentar. Realmente, poderia-se dizer que a jogabilidade é um tanto repetitiva, mas os cenários são tão deslumbrantes que tudo que nos interessa é saber o que aconteceu com a personagem e o que ela enfrentará. Mesmo com uma história pesada e roupagem macabra, é impossível não se maravilhar com o País das Maravilhas, de modo que este é um jogo indispensável para os fãs de Alice.