Em busca de uma ficção científica que oportunizasse uma reflexão sobre nossa sociedade, achei apropriado para o Book Club que lêssemos um livro abordando algo fundamental para a construção do pensamento: leitura. Foi assim que escolhi o célebre Fahrenheit 451, do autor Ray Bradbury.
Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 216 páginas
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Fahrenheit 451 ambienta-se em um futuro distópico no qual não existe livre pensamento, ninguém reflete sobre suas ações e livros são terminantemente proibidos porque possibilitam o acesso à informação e fomentam a discussão de ideias, o que prejudicaria a sociedade vez que as diferentes mensagens gerariam conflitos, intranquilidade e infelicidade. Nesse contexto, Guy Montag é um bombeiro que, como tantos outros, trabalha com a queima de livros sem questionar o motivo da sua atividade e nem seu modo de viver. Quando conhece Clarisse McClellan, uma menina questionadora que pergunta ao protagonista sobre felicididade, Montag começa a refletir sobre sua tarefa como bombeiro, sobre a alienação, sobre a falta de intimidade com a esposa e a sociedade em geral, questionando-se também sobre qual a importância da leitura.
A linguagem é bastante clara e o livro tem poucas páginas, o que torna a leitura rápida e envolvente. No entanto, apesar da premissa incentivar importantes reflexões, a narrativa é bastante óbvia na medida que se foca apenas no dilema do personagem em queimar livros, de modo que é injusto colocar Fahrenheit 451 no mesmo patamar de 1984, Admirável Mundo Novo e outras distopias. Por outro lado, ainda que o cenário retratado não possa acontecer no futuro, o autor lembra em seu posfácio que existem outras formas de "queimar livros": censura. Nesse sentido, Fahrenheit 451 traz discussões bastante atuais sobre alienação, manipulação das massas e impessoalidade nas relações sociais.
Apesar de ser um governo autoritário que estabeleceu a profissão de bombeiro enquanto ateadores de fogo - em livros e casas que possuam livros -, é chocante descobrirmos que foi a sociedade que optou por deixar de ler, passando mais tempo na frente de televisores (cuja programação é transmitida de acordo com o permitido) e se alienando por conta própria. Para alcançarem a "felicidade" (que felicidade?), optam pela ignorância. Nesse sentido, é muito interessante o discurso do capitão do corpo de bombeiros, Beatty, que parece ter acesso à leitura e até apreciá-la, mas acha que ela não deve ser disseminada para que o sistema não seja questionado. Também é interessante o fato de intelectuais serem reclusos e pessoas com hábitos diferentes sejam consideradas antissociais. Aliás,a maioria das conversas entre os personagens são superficiais, porque as pessoas não se conhecem direito, não se afetam com guerras e não têm sobre o que conversar.
Em Fahrenheit 451, é apresentando um mundo no qual as pessoas acreditam piamente na televisão, relacionam-se com as pessoas de modo superficial e são totalmente alienadas ao que se passa, inclusive sentimentalmente. Não há empatia, não há interesse em nada que não seja o televisor, não há conteúdo nas pessoas. Infelizmente, essa realidade não é tão distante assim, e eis a importância de ler obras do gênero.
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3 comentários
Olá!
ResponderExcluirQuando você finalizou o post dizendo que a realidade do livro não estava tão distante da nossa só tive que concordar, pois durante toda a leitura da sua resenha fiquei ponderando isso, sobre hoje em dia a televisão ser uma máquina de dominação em massa e, mesmo as pessoas tendo acesso à internet e livros, elas preferem consumir o que a TV recomenda, incentiva.
Achei a premissa um pouco parecida com a de Admirável Mundo Novo, em que a literatura é proibida porque quem lê pensa.
Adorei tua resenha, quero muito ler esse livro.
Bejinhos, Hel - Leituras & Gatices
Cara, totalmente verdade. As pessoas acreditam em tudo que vêem na tv, é incrível isso!!! Fiquei curiosa para ler *--*
ResponderExcluirbeijos, http://loveiscolorful.com/
Queria ter conseguido ler esse livro para esse mês, mas não deu. Até comecei e achei a história super interessante, então quando terminar é provável que eu poste sobre ele também. Amei sua resenha!
ResponderExcluirBeijos
Mari
www.pequenosretalhos.com