Sempre gostei muito de animações japonesas pela qualidade visual das produções, mas algumas obras nos encantam justamente pelo realismo e pela sensibilidade com que retratam o cotidiano. Um dos filmes mais elogiados nesse estilo é Cinco centímetros por segundo, uma história sensível e tocante sobre amizade, amor e distância.
Cinco centímetros por segundo conta a história de Takaki Tono e Akari Shinohara, dois grandes amigos que estudavam na mesma escola primária e cresceram juntos, mas o destino quis vê-los separados. Por conta do trabalho de seus pais, Akari acaba se mudando para outra cidade e passa a se comunicar com Takaki por meio de cartas, tentando manter contato. Em uma rara oportunidade, Tataki enfrenta vários contratempos ao pegar um ônibus para encontrar Akari, mas é justamente aquele encontro que faz com que ele tenha duas tristes certezas: que ele a ama e que será muito difícil encontrá-la novamente.
Trailer em inglês. O anime está disponível no Netflix!
Cinco centímetros por segundo é uma animação produzida por Makoto Shinkai, tem duração de uma hora e é dividida em três partes: Flor de Cerejeira, Cosmonauta e Cinco Centímetros por Segundo. A sinopse acima refere-se ao primeiro capítulo do filme, mas nos outros acompanhamos o inevitável afastamento dos amigos por conta da distância, porém, sempre lembrando o sentimento que nutriam um pelo outro. Para dar esse sentimento de "distância" e "profundidade", a animação aposta em cenários bucólicos e muitas passagens envolvendo o céu, as estrelas, algo longínquo e belo. Nesse sentido, a arte do anime é simplesmente deslumbrante e o traço é bastante realista, com um estilo visual mais próximo do seinen e do josei (mangás/animes voltados a jovens adultos).
O roteiro é extremamente simples e não tem grandes variações ou reviravoltas, nos deixando incomodados com a falta de acontecimentos e, principalmente, com o final. Contudo, o mérito está justamente em demonstrar com sensibilidade uma história que acontece todos os dias: amigos que se separam, casais que não podem ficar juntos, amores que se tornam impossíveis não por alguma guerra ou fato dramático, mas simplesmente porque a vida quis assim. O filme também demonstra diferentes formas de lidar com o passado - relembrando as boas memórias ou, então, ficando amargurado pelos tempos que não voltam mais - e, de certa forma, até mesmo com as oportunidades que deixamos passar por estarmos tão apaixonados e obcecados por coisas inatingíveis. Uma pena, mas é a realidade.
Confesso que, quando o filme terminou, foi difícil concluir se gostei ou não, porque de fato fiquei triste assistindo. Cinco centímetros por segundo é uma história simples, sentimentalista e extremamente cotidiana, mas que lida com temas como amizade, nostalgia, amor e com o tão discutido "seguir em frente", algo que a princípio é impensável para aqueles que já experimentaram o verdadeiro amor.
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