Próxima a minha trigésima leitura de um livro da Agatha Christie, me deparo com mais uma história diferente das demais: a formalidade de Hercule Poirot e a velhice ativa de Miss Marple foram trocadas por um grupo de jovens tentando desvendar um crime não com o jeito de Agatha, mas típico de tantas histórias de mistérios e sociedades secretas. Trata-se de O Mistério dos Sete Relógios, escrito em 1962.
Título: O Mistério dos Sete Relógios
Autora: Agatha Christie
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 268 páginas
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O Mistério dos Sete Relógios começa de maneira descompromissada e coloquial, quando um grupo de amigos resolvem fazer uma brincadeira com o dorminhoco Gerald Wade, que sempre se atrasa para o almoço, e colocam sete relógios no seu quarto para acordá-lo. Dia seguinte, o Sr. Wade está morto, os relógios estranhamente enfileirados e um oitavo relógio foi jogado pela janela. No início, todos concordam que foi uma morte acidental, mas quando mais uma vítima é feita, Jimmy, Loraine e a curiosa Miss Bundle se envolvem de forma amadora na investigação do crime e Bundle, descobrindo que talvez exista uma organização secreta relacionada ao ocorrido: os Sete Relógios.
Narrado em terceira pessoa, O Mistério dos Sete Relógios inicia retratando o crime e ao começo das investigações passa a acompanhar três pontos de vista diferentes, mas sempre é centrado na protagonista Bundle. Como Bundle é uma jovem moderna, extrovertida e muito curiosa, é fácil simpatizar com ela, e o fato dos personagens serem mais jovens nos deixa mais próximos à realidade do que aqueles ingleses clássicos a que estamos acostumados nos livros da Agatha. A história também é a menos densa da autora e o livro é extremamente fácil de ler, mas ao contrário do que normalmente ocorre, não cria aquela vontade de ler sem parar até saber o final e, na verdade, não motiva o leitor a solucionar o crime, funcionando puramente como entretenimento.
Ainda que os melhores crimes tenham sido desvendados por Hercule Poirot, Agatha Christie já escreveu livros louváveis que não contam com a participação do detetive, como é o caso do divertido O Homem do Terno Marrom e O Caso dos Dez Negrinhos, minha obra preferida. Infelizmente, não é o caso deste livro. É verdade que a protagonista Bundle é uma moça forte de personalidade adorável, mas o contexto em que está inserida e o próprio crime em si (“detetive” amadora, elementos inexplicáveis na cena do crime, membros de sociedade secreta usando máscaras) fazem de O Sete Relógios uma história clichê e aquém da capacidade da autora.
O Mistério dos Sete Relógios é um livro divertido e descontraído, que vale os sete reais pagos por ele. De forma alguma a história chega a ser ruim, mas comparando com os outros trabalhos da autora, O Mistério dos Sete Relógios é um livro simples que não faz jus à Rainha do Crime.
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